segunda-feira, 2 de julho de 2012

Reflexos da Crise Política no Paraguai


O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, reiterou nesta terça-feira (26/06/12) que não convocará novas eleições, após a polêmica destituição do ex-presidente Fernando Lugo na última semana. O impeachment relâmpago gerou desconfiança internacional e uma resposta articulada dos países sul-americanos será definida na próxima sexta-feira em Mendoza, na Argentina, em um cúpula conjunta do Mercosul e da Unasul (União Sul-Americana de Nações).
Diversos tipos de sanções podem ser adotados contra o país, desde a suspensão de investimentos até a --possível, mas muito pouco provável-- expulsão do Mercosul.
Já foram adotadas algumas sanções políticas e algumas econômicas. Países como o Brasil e o Uruguai, por exemplo, chamaram seus embaixadores para consultas. O Paraguai também foi temporariamente suspenso das reuniões do Mercosul e da Unasul até que seja restaurada a "normalidade democrática no país". No terreno econômico, a Venezuela suspendeu as exportações de petróleo da sua estatal petrolífera, a PDVSA, para o Paraguai. Entre as possíveis penalidades está desde a suspensão de projetos de investimentos no Paraguai até o fechamento de fronteiras em torno do país.
O Paraguai também poderia ser expulso do Mercosul, já que o chamado Protocolo de Ushuaia, assinado em 1998, obriga os integrantes do bloco a manterem governos democráticos.
Essa sansões podem afetar o Paraguai porque ele exporta grande parte de sua produção de manufaturados para os países vizinhos. Além disso, lucra reexportando produtos chineses. A medida de maior impacto do ponto de vista econômico é o fechamento das fronteiras, previsto no tratado constitutivo da Unasul (ainda não aprovado pelo Congresso paraguaio), uma vez que o país não tem acesso ao mar.
Outra medida de peso seria a expulsão do Mercosul, o que faria o Paraguai perder os benefícios da redução tarifária para o comércio com países do bloco. Mais de 20% das exportações do Paraguai vão para seus sócios do Mercosul.
Cerca de 350 mil brasileiros vivem no Paraguai. Muitos são agricultores e donos de terra. Uma parte significativa desses brasiguaios apoiou o impeachment porque acredita que Lugo estimulava as invasões de propriedades rurais. Em 2011, a Justiça paraguaia também anulou títulos de terra de agricultores brasiguaios. Esses brasileiros esperam mais proteção do novo governo contra invasões. Mas a destituição de Lugo também poderia estimular grupos sem-terra a se tornarem mais ativos. Por isso, uma escalada dos conflitos no campo não pode ser descartada.

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/bbc/1110730-entenda-os-reflexos-da-crise-politica-no-paraguai.shtml (adaptado, acessado em 27/02/12 às 20:00 hs)

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