O
novo presidente do Paraguai, Federico Franco, reiterou nesta terça-feira
(26/06/12) que não convocará novas eleições, após a polêmica destituição do
ex-presidente Fernando Lugo na última semana. O impeachment relâmpago gerou
desconfiança internacional e uma resposta articulada dos países sul-americanos
será definida na próxima sexta-feira em Mendoza, na Argentina, em um cúpula
conjunta do Mercosul e da Unasul (União Sul-Americana de Nações).
Diversos
tipos de sanções podem ser adotados contra o país, desde a suspensão de
investimentos até a --possível, mas muito pouco provável-- expulsão do
Mercosul.
Já foram adotadas
algumas sanções políticas e algumas econômicas. Países como o Brasil e o
Uruguai, por exemplo, chamaram seus embaixadores para consultas. O Paraguai
também foi temporariamente suspenso das reuniões do Mercosul e da Unasul até
que seja restaurada a "normalidade democrática no país". No terreno
econômico, a Venezuela suspendeu as exportações de petróleo da sua estatal
petrolífera, a PDVSA, para o Paraguai. Entre as possíveis penalidades está
desde a suspensão de projetos de investimentos no Paraguai até o fechamento de fronteiras
em torno do país.
O
Paraguai também poderia ser expulso do Mercosul, já que o chamado Protocolo de
Ushuaia, assinado em 1998, obriga os integrantes do bloco a manterem governos
democráticos.
Essa sansões podem
afetar o Paraguai porque ele exporta grande parte de sua produção de
manufaturados para os países vizinhos. Além disso, lucra reexportando produtos
chineses. A medida de maior impacto do ponto de vista econômico é o fechamento
das fronteiras, previsto no tratado constitutivo da Unasul (ainda não aprovado
pelo Congresso paraguaio), uma vez que o país não tem acesso ao mar.
Outra
medida de peso seria a expulsão do Mercosul, o que faria o Paraguai perder os
benefícios da redução tarifária para o comércio com países do bloco. Mais de
20% das exportações do Paraguai vão para seus sócios do Mercosul.
Cerca
de 350 mil brasileiros vivem no Paraguai. Muitos são agricultores e donos de
terra. Uma parte significativa desses brasiguaios apoiou o impeachment porque
acredita que Lugo estimulava as invasões de propriedades rurais. Em 2011, a
Justiça paraguaia também anulou títulos de terra de agricultores brasiguaios.
Esses brasileiros esperam mais proteção do novo governo contra invasões. Mas a
destituição de Lugo também poderia estimular grupos sem-terra a se tornarem
mais ativos. Por isso, uma escalada dos conflitos no campo não pode ser
descartada.